Aprovação do Ensino Fundamental em 2012 foi de 86,9%



Crescimento em relação ao ano anterior foi mínimo, mas tendência é de melhora

Aprovação do Ensino Fundamental em 2012 foi de 86,9%
João Bittar/MEC



Do Todos Pela Educação.
A taxa de aprovação do Ensino Fundamental público do País foi de 86,9%, o que mostra um crescimento baixo, de menos de 0,5%, em relação a 2011, quando a taxa era de 86,3%. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e foram divulgados no site do órgão no início do mês.
Nos anos iniciais, a taxa foi de 90,6%, enquanto os finais registraram um índice menor, de 82,6%. Mais uma vez, o menor número está no 6º ano, que registrou 79% de alunos aprovados em 2012. A região do País com a menor taxa é a Nordeste, com 81,7%. Em contrapartida, o Sudeste tem o índice mais alto: 91,1%.
Já no Ensino Médio, a taxa de aprovação foi de 76,5%, com o 1º ano apresentando a menor porcentagem: 69,3%. A taxa de aprovação mais baixa da etapa ficou com o Centro-Oeste (73,3%), enquanto a mais alta é, mais uma vez, do Sudeste (78,5%).
“O aumento é pequeno, mas o importante é não retroceder. O que realmente importa é essa tendência de subida que vem se concretizando”, resume Ruben Klein, diretor presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave) e consultor da Fundação Cesgranrio. “Agora, começamos a perceber um crescimento nas taxas do Ensino Médio de estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o que não ocorria antes.”
Para ele, uma aceleração no crescimento das taxas de aprovação só ocorreria se fossem instituídas políticas públicas mais focadas. “Somente um grande esforço tira a estagnação. Por isso que é importante observar estado por estado”, afirma o especialista.
Klein ainda destaca que a tendência de melhora é mais forte nos anos iniciais do Ensino Fundamental. “O segundo ciclo e o Ensino Médio caminham mais devagar”, afirma. Ele lembra que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que considera em sua composição, além do desempenho na Prova Brasil, as taxas de aprovação, pode ser um fator essencial no aumento, mesmo que pequeno, dos índices. “Existe a possibilidade de as taxas deste ano de 2013, em que será aplicada uma nova Prova Brasil e será calculado um novo Ideb, crescerem por conta disso”, explica.
Reprovação
As taxas de reprovação também apresentam melhora em relação a 2011. Nas redes públicas de Ensinos Fundamental, urbanas e rurais, esse índice foi de 10,1% – para os Anos Iniciais, 7,7%; para os Anos Finais, 12,8%. No Médio, a taxa atingiu 13,1%.
No ano anterior, a reprovação no Fundamental era de 10,5% e, no Médio, de 14%.
“Os números mostram que é improcedente a crítica já muito popularizada de que todo mundo passa de ano. Não é verdade: existe reprovação e ela se manifesta desde o primeiro dia de aula – não é de uma hora para outra”, diz Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “Os alunos são reprovados porque sabem pouco. Falta acompanhamento para eles. Faltam políticas que efetivamente cheguem à escola, contemplando um apoio pedagógico constante, incluindo avaliações. Muitas crianças chegam com dificuldades e encontram uma estrutura não amigável.”
Já o índice de abandono do Fundamental público, em 2012, foi de 3%, enquanto o Médio totalizou 10,4%. No ano anterior, essa taxa no Fundamental foi de 3,2% e, no Médio, de 10,8%.
“Alunos que chegam ao 5º ano mais velhos, quando alcançam o Ensino Médio estão ainda mais velhos, o que dificulta o vínculo com a escola. As dificuldades são cumulativas. Elas não desaparecem só porque existe um professor dentro da sala de aula. As dificuldades de aprendizagem e a baixa proficiência aparecem desde o início da escolarização”, explica Alavarse. “É necessário o desenvolvimento de um processo de fixação do estudante no ambiente escolar.”
Defasagem
As taxas de defasagem idade-série de 2012 também foram divulgadas. No Ensino Fundamental público, considerando escolas urbanas e rurais, o índice chegou a 24,7%, sendo 18,9% para os anos iniciais e 31,4% para os finais. A taxa do 6º ano supera a de todos os outros: 35,5%.
No Ensino Médio, a defasagem idade-série no ensino público foi de 34,5%, com o 1º registrando a maior porcentagem da etapa: 38,3%.
Os dados apresentam ligeira queda em relação a 2011, quando a taxa do Fundamental era de 25,6% e, do Médio, de 36,3%
Gargalos
O 6º ano, mais uma vez, registra os piores resultados de todo o Ensino Fundamental, assim como o 1º ano do Ensino Médio nessa etapa de ensino. Nesses dois anos concentram-se, historicamente, as mais baixas taxas de aprovação e as mais altas de reprovação e abandono.
Para especialistas, a ausência de políticas públicas que foquem na transição dos anos iniciais para os finais é um dos principais agravantes da situação.
“Poucos sistemas têm recuperação desde o 1º ano, logo no início da escolaridade. Quando o aluno sai da alfabetização e alcança o 6º ano, o foco se perde, porque são muitas disciplinas e currículo é quase como uma checklist”, afirma Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). “Praticamente não existem ações focadas para essa etapa.”

fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/27692/aprovacao-do-ensino-fundamental-em-2012-foi-de-869/

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